terça-feira, 18 de maio de 2010

H.A.M.L.E.T - último fim de semana



Quem já viu sabe: um clima árido, estranho. Tudo é asséptico.
E nesse mundo asseptico, o outrora príncipe da Dinamarca é agora um homem impotente. Sexualmente, mas não só. Não há nele potência, apesar de haver uma pulsão.
É difícil para mim escrever sobre o espetáculo já que, para mim, ele propões exatamente frestas, aberturas e questões e não afirmações. Então o que é possível afirmar sobre ele?

Gostar ou não gostar do espetáculo é insignificante. Falar de como eu acho que estão os atores ou o cenário ou o figuro ou sei lá mais qual segmento existe dentro de uma suposta divisão do todo de um espetáculo, me parece empobrecedor.
Qual é a questão? É difícil até mesmo enxergar a pergunta.

Mas há alguns pontos que eu gostaria de ressaltar:
Como nossa imaginação como platéia é requirida de modo ativo dentro do espetáculo; como o estranhamento e a obscuridade se engrandecem numa sala branca; como se confundem a falta de realidade e o peso dos reais questionamentos; como a fala pode ser geométrica e musical; e, finalmente, como é possível rir da nosso própria desgraça com uma brincadeira tão antiga quanto a da adivinhação.
O "como", o percurso, a trajetória está sempre a frente no espetáculo. E isso diverge por completo da nossa sociedade patologizada e pasteurizada. Acho isso motivo suficiente para recomendar o espetáculo.

Assim, fica o convite para um último final de semana:
H.A.M.L.E.T
Teatro Club Noir.
Rua Augusta, 331, Consolação.
Sextas e sábados às 21h; domingo às 20h - até 23 de maio
Preço: R$30,00